No Antigo Testamento, ou melhor, na Antiga Aliança, o batismo não era algo desconhecido para os judeus. 

Sacerdotes e levitas, perguntaram a João Batista por que ele batizava (Jo 1:25). Por quê perguntaram? Porque isto não era trabalho do profeta.

Reconheceram o rito que João estava praticando, só não entenderam o porquê do mesmo está batizando, tendo em vista que esse não era comum aos profetas.

Caso João Batista estivesse praticando um rito estranho, diferente do habitual, certamente, teriam questionado acerca dele. 

Aquelas classes religiosas conheciam muito bem as diversas abluções que haviam sido instituídas pelo ministério de Moisés.

Batismo nas Leis Cerimoniais


Davis, em seu Dicionário da Bíblia (1990, p. 74), falando sobre os batismos das Leis cerimoniais da Antiga Aliança, diz: “O rito de lavar com água simbolizando a purificação religiosa, ou consagração a Deus, era usado pelos israelitas com muita frequência, conforme as prescrições legais”.

De fato, no livro do Êxodo diz:

Então farás que Arão e seus filhos se cheguem à porta da tenda da congregação e os lavarás com água” (Ex 29.4). 

Também diz: “Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram; ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao Senhor. Lavarão, pois, as mão e os pés, para que não morram; e isto lhes será por estatuto perpétuo, a ele e à sua posteridade, através de suas gerações” (Ex 30:20-21). 

Com toda certeza, estas purificações estavam em vigor nos dia de João Batista e de nosso Senhor Jesus Cristo, tanto pelos sacerdotes como pelos presbíteros, neste caso, recebendo alcunha de a Tradição dos Anciãos (Mc 7.1-5).

O homem que tinha ou vazava fluxo seminal era considerado imundo, ele, sua cama, as coisas em que se sentava e os objetos que tocava. Quem tivesse contato com o imundo, ou com os seus objetos, deveria lavar suas vestes, banhar-se em água (ou à moda d'água), e ainda assim, com esse ritual, seria imundo até à tarde. 

Quanto, ao doente dessa imundícia, quando ficava curado deveria passar sete dias para ser purificado, lavar suas vestes e banhar o corpo em águas correntes (ou águas movidas, descartando o uso de águas paradas, ou represadas, como em tanques) para ser considerado limpo. Ao oitavo dia traria duas rolas e dois pombinhos, daria ao sacerdote na porta da tenda da congregação, sendo um em oferta pelo seu pecado e outro para holocausto para fazer expiação pelo seu fluxo a fim de poder apresentar-se perante o Senhor Deus. Esse ritual de purificação era válido até na emissão do sêmen que ejaculava no momento do ato sexual, sujando tanto o homem como a mulher.

Também a mulher em sua menstruação ou em doenças que manavam sangue de suas partes íntimas, era considerada imunda, e quem nela tocasse também era considerado imundo e deveria fazer o ritual de purificação com água; e, a mulher, além da água, também deveria apresentar as aves para que, pela aspersão do sangue, expiasse a culpa e fizesse holocausto.

Além das purificações dos sacerdotes, da emissão do sêmen no homem, por poluções noturnas ou das relações sexuais, menstruações e doenças que sangravam, tinha também a questão dos leprosos, dos que tocavam animais mortos, etc. Tudo isso era considerado pecado, carente de purificações com água e, às vezes, também com o sangue (Lv 15; 16.26-28; 17:15; 22:4-6; Nm 19:8).

Talvez você esteja se perguntando o que isto tem a ver com o batismo com água praticado na Nova Aliança. Tem tudo a ver, meu amado, pois, água e o sangue são elementos purificadores que apontavam para a purificação única que se daria em Cristo e no batismo, no tempo da Nova Aliança, como veremos mais adiante.

O escritor aos Hebreus falando sobre esses ritos, declara que os mesmos não passavam “de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções (baptismos no grego), impostas até ao tempo oportuno de reforma.” - Hb 9:10.  

Veja como é interessante: A Bíblia não traduz baptismos para imersões, mas, para abluções. (Mais adiante, estaremos explicando o que são imersão e ablução).

A reforma falada em Hebreus 9.10, veio com Cristo, não com João Batista. Se tivesse de haver mudanças nos ritos de purificações, ou seja, nas abluções, não seria com João Batista, e sim com Cristo. Quer dizer, se até João Batista, o sistema de batismo ainda era na forma antiga, João não batiza submergindo as pessoas, deitando-a debaixo das águas do rio Jordão, ou onde quer que estivesse a batizar, tendo em vista caracterizar morte, sepultamento e ressurreição, coisas misteriosas até para os próprios discípulos de Cristo, mesmo depois do fato consumado. João com certeza, mesmo dentro do rio, ou onde quer que estivesse, usou o modo ordenado por Deus na Lei, que era o da aspersão.  

Se João Batista batizava rantizando, ou seja, borrifando a água, quem se batizou com ele não foi submerso na sepultura líquida (termo usado pelos imersionistas).

Os elementos das diversas abluções, ou seja, dos batismos eram usados conforme mostraremos a seguir: 
Salpicando ou aspergindo o sangue com o dedo (Lv 4:6; 16:14); 
Aspergindo sangue ou água com o hissopo (Ex 12:22; Nm 19:13, 18; Sl 51:7); 
Derramando, em forma de afusão, regando ou deitando água, como fazia Elizeu sobre as mãos de Elias; ou o sangue que era derramado em redor do altar (Ex 29:4; 30:20-21; Lv 4:7; 2 Rs 3:11); 
Em forma de banhos, o que dar a entender claramente que não se tratava de se deitar dentro d’água, mas, administrá-la com a finalidade de lavar-se, como o profeta Elizeu mandou Naaman fazer para ficar limpo da sua lepra (Lv 15:5, 13, 18; 16:26, 28; 17:15;  2 Rs 5:10, 13, 14.).

Em todos os casos acima mencionados, e é bom dizer que não expus todos os textos que tratam do assunto,  havia ocorrências de batismos, isto é, abluções ou purificações onde temos todos os rituais à moda do regar a água, ou seja, aspergir com as pontas dos dedos, ou com hissopo, ou com as mãos, ou com vasilhas, lavando seus próprios corpos ou os corpos dos outros.

A quantidade dos elementos ou a forma como estes eram usados, não gerava nenhuma discordância entre os ministrantes, pois eram prescrições oriundas do próprio Senhor Deus.

Com respeito aos banhos, geralmente, eram feitos pelo próprio batizando, a exemplo de Naamã, que recebeu ordem do profeta Eliseu para que se lavar sete vezes no rio Jordão; este se lavou mergulhando. Ninguém pode afirmar com certeza se o mergulho foi total ou parcial; só sabemos que a lepra era localizada em determinada parte do corpo e, que Naamã, gostaria que o profeta agisse apenas no local dela -2 Rs 5:10, 11 e 14, inclusive passando a mão sobre a mesma, o que sem dúvida, o próprio Naamã o fez quando mergulhou no rio. 

Penso eu que o mesmo entrou o rio, tomou água e lavou o lugar da lepra. Estes mergulhos realizados por Naamã tinham a finalidade de lavar e não de simbolizar morte e ressurreição, como os imersionistas assim o aludem.

O ritual de purificação do leproso era feito pelo sacerdote, que o aspergia sete vezes; depois este deveria lavar as vestes e banhar o próprio corpo; é assim que a Bíblia afirma – Lv 14:6-9. Aqueles banhos, podemos deduzir, sem perigo de pecarmos, que ficavam a cargo do indivíduo; ele poderia mergulhar totalmente, ou não; e, se quisesse poderia, apenas regar a água sobre si, desde que fosse águas corrente e com a fim de lavar-se, literalmente.

Águas corrente não significa, necessariamente, águas de rios; mas, água que poderia ser retirada de alguma fonte, ou reservatório, para regá-la sobre o corpo, isto é aspergi-la  (Lv 14:51- 52). 

Batismo na Tradição dos Anciãos


Os judeus, seguindo a tradição dos anciões, praticavam constantemente os seus batismos, pois isto era típico da sua cultura religiosa. Eles censuravam qualquer pessoa que não praticasse aquelas tradições da maneira como haviam aprendido: 

“Ora, reuniram-se a Jesus os fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém. E, vendo que alguns dos discípulos dele comiam o pão com as mãos impuras, isto é, por lavar (pois os fariseus e todos os judeus, observando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos; quando voltam da praça, não comem sem se aspergirem (grego baptisôntai); e há muitas outras cousas que receberam para observar, como a lavagem (baptismos) de copos, jarros e vasos de metal [e camas]), interpelaram-no os fariseus, e os escribas: Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com as mãos por lavar?” - Mc 7:1-5.


É importante observar que a Bíblia não traduziu a palavra baptimós e seus derivados para imergir, mas, para aspergir e lavar. Medite bem: imergir copos, mãos, jarros, vasos de metal, seria, creio eu, bem normal; mas, imergir uma cama, e mais para simbolizar morte e ressurreição! Misericórdia! Já pensou, a cama morrer e ressuscitar?

Existem várias razões que nos levam a afirmar que estas purificações eram por aspersão. Mas, vejamos uma explicação dada sobre a palavra “impuras” em Mc 7:2, por Dr. Shedd (1976, nota de rodapé da Bíblia Vida Nova, N.T. p. 53):

Impuras. Não se refere à falta de higiene mas à pureza formal, cerimonial. Todo contato com os pagãos constituía imundícia espiritual, como se fosse realmente pecado, do qual se livraria apenas por ritos purificadores.”

Nestas purificações, geralmente usava-se o hissopo para a aspersão. Dr. Shedd (1976, V. T., p. 593) diz:

 “Hissopo. Um pequeno arbusto - 1 Rs 4:33, com cujos ramos se aspergia o sangue e a água purificadores - Lv 14:1-7.”

Charles Hodge, e seu livro De La Insiginia Cristiana (2001, p. 19-27), falando sobre os batismos dos judeus, afirma com todas as letras, que estes não eram por imersão. Ele fornece sete poderosas provas contra o ritual de imersão:

a)    A imersão não estava ordenada;
b)   Os batismos (purificações) eram por aspersão ou afusão;
c)   as aspersões e as efusões recebiam o nome de batismos;
d)   ‘batizar’ é eqüivalente a ‘lavar’;
e)   o batismo judeu era um rito cotidiano;
f)    casos em que a imersão era impossível;
g)   Hebreus 9:10 corrobora os batismo por aspersão e afusão.
                                     
Concluímos que as purificações eram batismos praticados na antiga religião como sombra da que haveria de vir, isto é,  das boas novas trazidas por Jesus Cristo e que aqueles ritos eram por aspersão e não por imersão; que o batismo na Nova Aliança não é rito novo, inventado por João Batista, mas, o mesmo rito ordenado por Deus, embora com significado diferente.

4 comentários:

  1. Muito boa explicação. Glória a Deus!

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  2. Muito bom de fácil entendimento,parabéns


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  3. Maravilhosa explicação quanto aos baptismos. Deus vos abençõe.

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  4. Não existe "nova aliança" a aliança foi só uma! E o ritual da purificação com água, era feito somente aos levitas e sacerdotes por estatuto perpétuo! Alguém sabe o significado de perpétuo? Está claro que o ritual do batismo foi criado pelos gregos, e que João Batista era líder de um movimento contra os judeus "romanizados" e que banhava se no rio por ser essênio (seita que praticava banhos diários) e Jesus foi discípulo de João Batista, mas ambos não deixaram de ser Judeus!

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