O tema de Mt 24.15-22 é, A grande tribulação. De fato, a passagem descreve “...que nesse tempo haverá grande tribulação (Mt 24.21); também descreve o local geográfico; e, os acontecimentos relacionados com tal catástrofe. Não descreve o quando se daria; mas, para o bom estudante da Bíblia, crendo ele na Palavra de Deus, e examinando-a confiando na luz do Espírito Santo, e buscando na história os acontecimentos, chegará sem dúvidas ao entendimento.
 Com respeito ao tempo do acontecimento, logo tendemos a criar uma doutrina com base no que está estampado no cabeçalho da passagem, isto é, “A grande tribulação”. E quando se daria essa tribulação? Segundo muitos, depois da Vinda de Cristo, à qual denominam não de a vinda, mas de o arrebatamento, apesar do próprio texto base dessa doutrina dizer que é a vinda (1 Ts 4.15).

Mas, em primeiro lugar, é importante notarmos que Jesus não dar entender que seja essa tribulação a única do mundo. Ele não diz que haverá “a” grande tribulação, mas, simplesmente, “grande tribulação” (Mt 24.21).

Segundo, essa tribulação não é a nível mundial, mas, regional, porque, o “lugar santo”, a que Jesus se referiu, não é outro, senão, a cidade de Jerusalém, e o Templo, localizados na Judéia, uma província romana da terra de Israel (Mt 24.1-2; Lc 21.20,21,24; Lc 1.5, 4.44; 7.17), de onde os cristãos deveriam fugir para os montes, quando vissem Jerusalém sitiada de exércitos, em vez de tentar entrar na cidade (Mt 24.16). 

Terceiro, os cristãos, também deveriam orar para que a fuga deles, no tempo do acontecimento, não se desse no inverno, por causa da dificuldade que teriam de locomoção; nem em dia de sábado, tendo em vista, que os judeus no seu zelo, seriam capazes matá-los por causa da violação desse dia (Mt 24.20) apesar da grande angustia estava se instalando, pois nem um leito era lícito carregar nesse dia (Mt Jo 5.10).

Quarto, Jesus disse que nunca mais haveria tribulação daquela natureza, indicando que depois daquele acontecimento, a vida iria continuar, não sendo portanto, a última coisa a ocorrer no mundo, isto é, não seria o fim do mundo, como muitos ensinam, pelo contrário, o plano de evangelização mundial começaria a partir dali, pois os judeus seriam dispersos pelo mundo, isto é, “levados cativos para todas as nações” (Mt 24.21, 23).

Em quinto lugar, aquilo era cumprimento profético contra aquele povo; esses dias seriam dias de vingança para se cumprir tudo o que está escrito contra aquele povo desobediente (Lc 21.22,23).

Em sexto lugar, o Senhor profetizou a destruição do Templo e de Jerusalém (Mt 23.37-24.2), e o Senhor não falou nada mais sobre a reconstrução desse templo para funcionar como catedral do cristianismo, pelo contrário, o Espírito Santo revela que a ira de Deus veio definitivamente contra aquele povo At 13.46-47; 1 Ts 2.15-16. Os que são da eleição eterna devem aceitar o Senhor Jesus e se converter à igreja, que é a comunidade dos verdadeiros israelitas, filhos de Abraão pela fé. Veja bem, a ira de Deus, se derramaria “contra este povo”, isto é, contra o povo judeu, o qual cairia ao fio da espada (romana). Portanto, nada tem a ver com brasileiros ou os de qualquer outra nação (Lc 21.23,24).

Em sétimo lugar, esse acontecimento se cumpriu literalmente, isto está comprovado pela história. Negar esse fato é ignorância. Transcrevo aqui as palavras de J.C. Ryle, no seu livro Meditações no Evangelho de Mateus, edição em português em 1991, p. 206-7: “Alguns se surpreendem ao ver tanta importância atribuída à tomada de Jerusalém. Tais pessoas preferem considerar este capítulo como ainda não-cumprido. Esquecem-se, porém, de que Jerusalém e o templo eram o centro da antiga dispensação judaica. Quando foram destruídos, chegou ao fim o antigo sistema mosaico. O sacrifício diário, as festas anuais, o altar, o Santo dos Santos, o sacerdócio:  todos eram partes essenciais da religião revelada, até que Cristo veio; mas não mais depois disso. Quando Ele morreu sobre a cruz, a finalidade de todas essas partes foi terminada. Porém, não convinha que isso fosse feito silenciosamente. O fim de uma dispensação dada com tanta solenidade, no Monte Sinai, bem poderíamos esperar que fosse marcado por uma solenidade peculiar. A destruição do templo santo, onde tantos santos do Velho Testamento tinham visto a “sombra dos bens vindouros” (Hb 10.1), era de se esperar que fosse o assunto de uma profecia. E de fato o foi. O Senhor Jesus prediz especialmente a desolação no “lugar santo”. O grande Sumo Sacerdote descreve o fim de uma dispensação que tinha sido o preceptor para trazer homens a Cristo. ”

Em oitavo lugar, dizemos que esse é esse grande comentário. Digno de credibilidade, porque nos leva a confirmar que a grande tribulação se destinaria a desarraigar o reino de Deus que estava ainda, de certo modo, na mão dos judeus, e centralizado em Jerusalém, para, definitivamente, ser assumido pela Igreja, e isto, com caráter universal, e nunca mais, local (Mt 21.40-44;  Ap 7.9-17). Portanto, quem quer situar a sede da igreja em algum lugar, está tentado reconstruir o que Cristo destruiu. Por isso, o que mais temos, são donos da igreja, o qual se sentam no templo principal dela, querendo ele parecer Deus, todos eles se julgando cheios de autoridade, agindo tripudiando a própria Escritura, esses falsos apóstolos se não forem anticristos, mas, são primos dele (2 Ts 3.3-4).

Mas, em nono lugar, o que seria o “Abominável da Desolação” a que Jesus se referiu? Seria o Homem do pecado, ou a besta-fera, ou o anticristo?

Bem, o Dicionário da Bíblia de Almeida descreve a “Abominação Desoladora (como) Ato que causa revolta. Em Dn 9.27; 11.31; 12.11 a referência é ao altar pagão que ANTÍOCO Epífanes, em 168 a.C., mandou construir sobre o altar dos sacrifícios, que ficava em frente ao Templo (1 Mc 1.54,59). Jesus, ao usar essa expressão, estava se referindo ao fato de que os soldados romanos iriam colocar no Templo os seus estandartes, nos quais havia figuras de desuses pagãos (Mt 24.15).”

Eu concordo com o pensamento desse dicionário, pois, Lucas, o escritor sagrado, descreve a abominação desoladora como sendo os exércitos que sitiariam Jerusalém (Lc 21.20), e pela história, sabemos que de fato, os exércitos romanos trouxeram essa grande aflição ao povo judeu a partir do ano 67 A.D., culminando com a destruição da cidade e do Templo no ano 70 A.D., e, à semelhança de Antíoco Epifanes, entrou e profanou o templo, coisa abominável para os judeus.

A conclusão a que chegamos é que essa profecia é algo já acontecido na história, portanto, já teve o seu cumprimento, pois o Senhor disse que não passaria aquela geração sem que tudo aquilo acontecesse (Mt 24.33-34). Uma geração, segundo estudiosos, corresponde a 40 anos. Além do mais, aqueles dias foram abreviados para que o número dos eleitos se complete (Mt 24.22), pois se demorasse mais tempo que aquele, penso eu, que o povo judeu estaria reforçando sua religião e, talvez, sucumbisse a ação da igreja na evangelização do mundo inteiro. Uma prova desse pensamento se vê nas epístolas onde os crentes são conclamados a não voltarem à velha religião.
A profecia diz que após essa tribulação, o Senhor Jesus voltará (Mt 24.29). Essa é uma notícia agradável a todos nós. Jesus está perto de voltar para buscar o seu povo. Maranata!



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