A palavra batismo é muito rica de significados. Em virtude disto, encontramos várias opiniões sobre a mesma:

Segundo o Dicionário Brasileiro GLOBO (1987) a palavra batismo vem do grego Baptismu, que significa imersão; ablução.  
O Dicionário Eletrônico Houaiss (2001) define a palavra batismo como vinda do gr. Baptismós, adaptada para o latim baptismus, com significado de ablução e imersão.
O Dicionário Grego-Português de Pereira (1976, p. 101) traz as seguintes definições:
Baptós                      = Submergido, Mergulhado; Tingido, Colorido; de onde se pode tirar água.
Báptô (bapsô)        = Submergir, Mergulhar; Temperar (o ferro, o aço); tirar água; Afundar-se submergir-se, dar mergulhos.
Baptismô,                = Submergir, Mergulhar; tirar (água).
Baptismós               = Imersão; Ablução;

Como vemos, os dicionários mostram a riqueza de significados da palavra batismo, norteando-a principalmente, para ablução e imersão. Cremos que engessar o sentido da palavra unicamente em um sentido, que é o caso dos imersionistas, que me desculpem eles, representa ignorância, má intenção ou preservação de uma tradição religiosa, que como foi, em outra postagem, surgiu por volta de 1640.

Há pastores que em suas exposições doutrinárias aos frequentadores de suas igrejas e no trabalho de proselitismo (pois muitos usam este assunto para fazer prosélitos para suas igrejas) sobre o modo batismal, negam, escondem, ou não conseguem ver na palavra batismo, outro significado, senão o de imersão, e assim o ministram como matéria de fé.

Outra coisa importante, que precisa ser frisada, é que, a palavra batismo, em si, no grego, é uma palavra de uso comum. O rito batismal é outra coisa. É algo semelhante à palavra eklesia, que traduzido, significa igreja. Nem toda eklesia, é a igreja de Jesus Cristo. Da mesma forma, nem tudo que se refere à palavra batismo, tem a ver com o rito bíblico batismal.

Hodge (2001, p. 11-14), o teólogo, nega concepções deste tipo ao afirmar que a palavra bapto, baptizo, batismos, nem sempre expressam a idéia de imersão, mesmo no grego secular. Diz ele que o empenho maior do uso da palavra se encontra no sentido de: derramar sobre, lavar, limpar, tingir, manchar; sem levar em conta a forma concreta de aplicação; que pode expressar imersão parcial, imersão total, absorção e efusão.

Afirma Hodge ainda que isto pode ser comprovado consultando qualquer respeitado dicionário de grego. Diz ainda que além da palavra ter sentidos variados, não é usada em sentido literal; e, mais, que o uso popular de uma palavra não se constitui em norma de interpretação; ela pode ajudar e servir para confirmar, às vezes; porém, nunca deve controlar a doutrina; pelo que se deve apelar somente para a Bíblia, pois ela é a principal autoridade considerada pelos crentes.

De acordo com Berkhof (1990. P. 635) a palavra bapto e baptizo, tinham outros sentidos, como os de lavar, banhar-se e purificar mediante lavamento; diz também que a idéia de lavamento ou purificação aos poucos ganhou proeminência; e que a maneira como se efetua este lavamento foi se afastando para os fundos do cenário.

Neste aspecto cita Wilson, que afirma: “Deixe-se o elemento batizante circundar o seu objeto, e, no caso dos líquidos, seja que esta condição relativa tenha sido produzida por imersão, afusão ou absorção, ou de qualquer outro modo, o uso grego o reconhece como batismo válido”.

Estas definições se referem ao grego secular; independente do rito do batismo, ou melhor, da visão religiosa do ponto de vista da Bíblia. Quer dizer que somente neste ponto, a teoria de que o batismo tem que ser por submersão, já cai por terra.

O que podemos observar é que existe um fanatismo muito grande que gira em torno da questão do significado da palavra, aponto de haver pastores, que trocam a palavra batizar por imergir, dizendo: ‘A imersão foi a ordenança que o Senhor Jesus deixou’.  Ora, se o Senhor Jesus deixou a ordenança da imersão, deve ela está em alguma Bíblia especial, a qual não chegou ainda em nossas mãos, pois nem mesmo essa palavra aparece nas Bíblias que comumente as usamos.

Nesta concepção, uma imersão corresponde ao batismo. Se isto fosse verdade, todas as vezes que imergíssemos, em alguma em alguma água, principalmente, estaríamos sendo batizados cerimonialmente. Mas, isto não  é verdadeiro.  

É verdade que imersão é um dos significados da palavra batismo, no uso comum, assim como também o é a ablução, principalmente na Bíblia, e já provamos isso, quando se trata de ritos cerimoniais. O Novo Testamento, porém, não reconhece isto, da maneira como os imersionistas querem, pois quando há registro de imersão, não dá ideia de submersão; mas, de imersão parcial, e tem mais, não ela não traduz para imersão; automaticamente, não satisfaz à doutrina do sepultamento tão propalada.

São muitas as referências na Bíblia, especialmente no Novo Testamento, que faz menção da palavra batismo e seus derivados, às vezes traduzidas e, as vezes transliteradas; algumas delas, claramente, dar a entender que houve penetração na água, outras, não; isso não há o que discutir. 

Porém, examinando estas referências, verifica-se que as mesmas não correspondem ao sentido fisiológico de imersão total, e, sobretudo com a interpretação ritualista, pregada pelos imersionistas, ou seja, algo com a obrigação de deitar na água, para depois levantá-lo para ilustrar morte, sepultamento e ressurreição.

A Bíblia mostra muitos casos onde houve imersões para batizar, não por exigência do ato, pois isso violaria a Lei (Mt 3.6,13,16; Jo 3.23), mas, por conveniências geográficas.

Por que João batizava no rio Jordão ou Enon? Era para sepultar as pessoas na cova líquida? Não. O fato é que convinha estar naquele lugar, por questões estratégicas, tendo em vistas as necessidades do povo, dos animais, etc., e não de sepultar os batizandos.

Mas, João batizou no rio Jordão? Sim! Não convinha João está nas imediações do rio, entrar no rio, tirar água do rio e levá-la para fora do rio, simplesmente, para realizar fora dele o batismo. Entende? Você já pensou que mão de obra tremenda seria essa?

Da mesma forma, Paulo deve ter batizado Lídia dentro do rio, em cujas margens se realizavam orações; aquele era um lugar de oração, não lugar de se realizar batismos (At 16:15).

Penso eu, que não convinha Paulo entrar naquele rio sozinho, simplesmente para tirar água, e levá-la para fora, a fim de realizar o batismo. Então, ele deve tela batizada, ou não, pensamos nós, no próprio rio. Pode ter acontecido de os dois terem penetrado no rio, e lá, ele a batizou. Eu faria isso sem nenhum problema, com a seguinte resalva: sem deitar a pessoa dentro do rio, pois não há necessidade e nem ordem nenhuma para isso. Estando ambos dentro do rio se toma a água e se derrama sobre o batizando invocando o nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo sobre ele.

A mesma coisa fez Filipe com o Eunuco (At 8:36-40). E neste caso alguém pergunta: será que o eunuco não tinha água naquela carroça? Com certeza, não! Pois, se tivesse água ele não teria apontado a água da beira do caminho. Certamente, ali seria o lugar de abastecer o seu reservatório e ele aproveitou e pediu o batismo. O batismo do eunuco não foi por submersão, e nós iremos provar isso em outra postagem.

Notai bem, que se o batismo só se realiza por imersão, então, quem batiza, ao entrar na é batizado, e o batizando, ao entrar na água, automaticamente, se batiza. Então, se o segredo do batismo é entrar na água, haja batismo e rabatismo.

Batismo cerimonial é uma coisa; e, batismo, no sentido etimológico da palavra é outra coisa. As seguintes passagens provam isso: (Lc 16.24; Jo 13.26); elas mostram que esses batismos são realizados com a finalidade molhar.

Outros casos existem na Bíblia, onde o batismo ocorre sem um pingo d’água (1 Co 10.2).

Uma acurada investigação dentro deste aspecto revela que apoiar a doutrina de que o batismo tem que ser por imersão, por causa da etimologia da palavra é como construir uma casa na areia, e não na rocha.

Secularmente, batismo, se realiza:
a)    Quando entramos ou introduzimos algo na água de forma parcial. Exemplo: Jesus tomou o pão, imergi-o, parcialmente, é claro, no vinho, e o deu a Judas Isacariotes (Jo 13.26). O que houve com o pão? Simplesmente, o pão foi batizado, não, porém, o batismo cerimonial. Essa prática de mergulhar o pão ou biscoito no café, no leite, é muito comum.
b)    Quando tomamos água, ou qualquer outro líquido, e os derramamos sobre um objeto ou sobre alguém, ocorre batismo. Exemplo: Quando tomamos uma vasilha com água e derramamos sobre nossas mãos, ou sobre nossa cabeça, o grego o reconhece como batismo. Isso, porém, não significa, que quando estamos debaixo de um chuveiro, estamos sendo batizados cerimonialmente.
c)    Quando afundamos, ou seja, submergimos uma pessoa ou um objeto em água, em tinta, ou em qualquer outro líquido ocorre batismo, não, porém, o batismo cerimonial.
d)    Quando respingamos água sobre alguém ou sobre alguma coisa, o grego reconhece como batismo válido.
DERRAMANDO ÁGUA NA MÃO

IMERGINDO PARCIALMENTE NO LÍQUIDO
OBJETO SUBMERSO NO LÍQUIDO
IMERGINDO AS MÃOS NO LIQUIDO


Concluímos dizendo que, cerimonialmente, o batismo pode e deve ser administrado regando a água sobre o batizando, sem perigo nenhum de se infligir o significado da palavra e a orientação bíblica para o ato.
Pr. Luiz Dias

0 comentários:

Postar um comentário

 
Top